terça-feira, 4 de março de 2014

The Division Bell

“The Divison Bell” é um álbum que tem a cara e os
arranjos de David Gilmour pois Roger Waters há muitos
anos havia saído da banda devido a desentendimentos e
por achar que era um deus na Terra. O nome da banda,
porém, ficou para Gilmour, Wright e Mason, que
continuaram sem ele. Após alguns álbuns bem fracos
(Final Cut, a despedida de Waters e A Momentary Lapse
of Reason , uma porcaria comercial), os três lançaram,
sem Waters, o belo “The Division Bell”, o verdadeiro
primeiro disco do Pink Floyd sem Waters.
O disco marca a separação da banda do estilo de Waters
e é aí que podemos ver o talento de Gilmour e Wright
surgindo. O álbum, novamente tematizado ao estilo de
Waters, fala sobre a comunicação ou melhor, a falta
desta. O Division Bell é um sino que fica no parlamento
inglês e é tocado toda vez que as discussões chegam
em certo limite. Aqui o sino é o símbolo da separação
que os homens vivem, isolando-se em seus mundinhos.

O álbum começa com “Cluster One” , uma música
instrumental que dá enfase ao piano de Wright e um
pouco de experimentação, nada demais entretanto. Ela é
apenas um aperitivo ao que está por vir.
O disco realmente começa com “What Do You Want From
Me?” em que Gilmour, Wright e a esposa de Gilmour,
Polly Samson se comunicam com o fã, aquele ouvindo o
disco, vendo os shows da banda e fazem a simples
pergunta, o que você quer de mim? Conforme a música
passa, vemos que todos temos a liberdade de escolher o
que fazer, perder-se ou achar um caminho na vida,
começa aqui uma jornada pelo âmago do ser humano.

“Poles Apart” é meio que uma tentativa de falar
novamente com os antigos membros da banda que
ficaram pelo caminho. Primeiro Syd Barret, o gênio que
perdeu a luta para as drogas e sumiu do mundo e o
segundo, Roger Waters, o gênio que abandonou a banda
após uma longa briga de poderes com Gilmour. Aqui
queremos voltar a nos comunicar com o passado, é
quase um pedido de reconciliação, que tem uma enorme
importância para a banda e os fãs, que sempre amaram
Pink Floyd como um todo e não suas peças em
separado.

“Marooned” é uma bela música instrumental em que a
guitarra de Gilmour fala mais alto que qualquer coisa.
Dói o coração ouvir aqueles acordes entristecidos,
remetendo a pessoa presa, isolada em sua ilha deserta,
cercada pelo mar das incertezas que a vida nos traz.
Gilmour, um dos melhores guitarristas de todos os
tempos, não podia perder essa chance de colocar um
longo e bonito solo de guitarra no disco. Muitos anos
depois, ele lançaria um disco solo intitulado “On an
island” mostrando que ele ainda se sente preso naquela
sua ilhota.

“A Great Day For Freedom” é uma bela homenagem
àqueles homens e mulheres que foram separados pelo
Muro de Berlim e viveram como “vizinhos”. Em verdade,
por mais que se queira, a letra é literal demais para
querer se falar que ela foi feita sobre Roger Waters e seu
“The Wall”. A luta pela liberdade, nem que fosse a de
expressar-se sempre foi a mais árdua das lutas travadas
contra os governos opressores. A Queda do Muro foi um
dos maiores marcos históricos para demonstrar que a
vontade do povo sempre tende a passar por sobre os
governos, mesmo que os anos passassem lentamente.

“Wearing The Inside Out” é uma música difícil de se
explicar em razão de sua letra ser dúbia, enquanto
Wright canta uma coisa, as cantoras do back vocal
cantam outra, que acabam se misturando em uma só. Em
se tratando da temática do disco, essa analogia fica
clara. Os cantores não se entendem totalmente, cada um
mantendo seu discurso, que apenas em alguns instantes
se une em uníssono. A temática é clara, só não vem
quem não quer.

“Take it Back” é uma mensagem clara à humanidade. Ou
nós cuidamos de nosso planeta, ou ele irá tomar tudo de
volta para si. A comunicação aqui ganha outro teor,
nesse caso, a empatia entre homens e natureza, coisa
que anda faltando ultimamente.

“Coming Back to Life” é David Gilmour aproveitando o
momento para homenagear sua esposa e lavar um pouco
de roupa suja a respeito do passado dos dois, que deve
ficar para trás em razão de tentar-se trazer à vida seu
relacionamento. Em verdade, é uma música romântica
mostrando que o passado dos dois ficou para trás e que
o que importa é o que virá daqui para frente.

Os barulhinhos da era Waters voltam em “Keep Talking” com direito até a discurso do físico Stephen Hawking.
A temática da comunicação também.E aqui vemos que  Waters não fez tanta falta a Gilmour e “cia” quando se   trata de fazer experimentações musicais.

“Lost for Words” é a mais silenciosa das músicas deste
disco, e a que talvez fale mais abrangentemente, desde
as relações entre os países até as relações inter
pessoais, falando da raiva que cada um tem em si e dos
fracassos pelos quais passamos na vida.

“High Hopes” foi a primeira música a ser feita para o
disco e a última a ser gravada. Com certeza é uma das
melhores músicas da banda em toda sua carreira. Desde
o piano marcante de Wright ao solo de guitarra final de
Gilmour, essa música é puro Pink Floyd, sendo elogiada
até mesmo por Waters. A letra remete a infância de cada
um de nós e o constante badalar do sino durante a
música nos lembra constantemente que todos estamos
ansiosos por falar, mas que temos de saber a hora certa
de fazê-lo. A nostalgia que essa música traz em si é
impossível de se deixar notar e em razão disso, sempre
foi colocada entre as melhores músicas da banda.
Com isso, termina esta simples e breve análise do álbum

“The Division Bell”, espero que os fãs tenham gostado e
quem sabe, os que nunca ouviram a banda possam ter
pelo menos a curiosidade de escutar um pouco desta
banda fenomenal.

Fonte:Ambrosia.

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